quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Reverência e Adoração a Eucaristia

No livro do Apocalipse, São João narra como, tendo visto e ouvido o que lhe fora revelado, prostrava- se em adoração aos pés do Anjo de Deus (cf. Ap 22, 8). Prostrar-se ou pôr-se de joelhos ante a majestade da presença de Deus, em humilde adoração, era um hábito de reverência que Israel realizava sempre na presença do Senhor. [...] Encontra-se a mesma tradição também no Novo Testamento em que vemos ajoelhar-se diante de Jesus: Pedro (Lc 5, 8); Jairo, para Lhe pedir que cure sua filha (Lc 8, 41); o Samaritano, quando volta para agradecer-Lhe; e Maria, irmã de Lázaro, para pedir-Lhe o favor da vida para seu irmão (Jo 11, 32). No livro do Apocalipse (Ap 5, 8; 5,14; 19, 4), nota-se, em geral, a mesma atitude de prostração diante do assombro causado pela presença e revelação divinas.
Estava intimamente relacionada com esse costume a convicção de que o Templo Santo de Jerusalém era a casa de Deus e, portanto, era necessário adotar nele atitudes corporais que expressassem um profundo sentimento de humildade e reverência na presença do Senhor.
Também na Igreja, a convicção profunda de que o Senhor está real e verdadeiramente presente nas Espécies Eucarísticas e o costume de conservar a Santa Comunhão nos Tabernáculos (Sacrários) contribuíram para o hábito de se ajoelhar em atitude de humilde adoração ao Senhor na Eucaristia . Com efeito, a respeito da presença real de Cristo nas Espécies Eucarísticas, o Concílio de Trento proclamou: "No augusto Sacramento da Santa Eucaristia, depois da consagração do pão e do vinho, Nosso Senhor Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, está presente verdadeira, real e substancialmente, sob a aparência destas realidades sensíveis" (DS 1651) .
Além disso, São Tomás de Aquino havia já definido a Eucaristia como latens Deitas (Deus oculto). A Fé na presença real de Cristo nas Espécies Eucarísticas já pertencia, então, à essência da Fé da Igreja e era parte intrínseca da identidade católica. Claro estava que não se podia edificar a Igreja se essa Fé fosse prejudicada, mesmo em algum ponto mínimo. Portanto, a Eucaristia, pão transubstanciado em Corpo de Cristo, e vinho em Sangue de Cristo, Deus em meio a nós, devia ser acolhida com admiração, máxima reverência e atitude de humilde adoração.
Acompanhando esta tradição, é claro que se torna coerente e indispensável adotar gestos e atitudes do corpo e do espírito que facilitem o silêncio, o recolhimento, a humilde aceitação de nossa pobreza diante da infinita grandeza e santidade dAquele que vem ao nosso encontro nas Espécies Eucarísticas. O melhor modo de exprimir nosso sentimento de reverência para com o Senhor Eucarístico é o de seguir o exemplo de Pedro que, como narra o Evangelho, lançou-se de joelhos ante o Senhor e disse: "Afasta-Te de mim, Senhor, porque sou um pecador!" (Lc 5, 8).
Ora, nota-se como em algumas igrejas esse costume torna-se cada vez mais raro, e os responsáveis não só impõem aos fiéis receber em pé a Sagrada Eucaristia, mas, inclusive, tiraram todos os genuflexórios, obrigando os fiéis a permanecer sentados ou em pé, até mesmo durante a elevação das Espécies Eucarísticas, apresentadas para a adoração. É estranho que tais providências tenham sido tomadas pelos responsáveis da liturgia nas dioceses, ou pelos párocos, nas igrejas, sem qualquer consulta aos fiéis, embora hoje se fale mais do que nunca, em certos ambientes, de democracia na Igreja.
Ao mesmo tempo, falando da Comunhão na mão, é necessário reconhecer que se trata de um costume introduzido abusiva e apressadamente em alguns ambientes da Igreja logo após o Concílio, alterando o secular costume anterior e tornando-se, em seguida, prática regular em toda a Igreja. Justificava-se essa mudança argumentando que ela refletia melhor o Evangelho ou a prática antiga da Igreja. É verdade que se alguém recebe a Comunhão na língua pode também recebê-la na mão, sendo esses órgãos do corpo de igual dignidade.
Alguns, para justificar tal prática, recorrem às palavras de Jesus: "Tomai e comei" (Mc 14, 22; Mt 26, 26). Quaisquer que sejam as razões para sustentar esse costume, não podemos ignorar o que acontece, em nível mundial, onde ele é adotado. Ele contribui para um gradual e crescente enfraquecimento da atitude de reverência para com as sagradas Espécies Eucarísticas. O costume anterior, pelo contrário, preservava melhor este senso de reverência.
Seguiram-se uma alarmante falta de recolhimento e um espírito de generalizada distração. Vêem-se, agora, comungantes que freqüentemente voltam aos seus lugares como se nada de extraordinário tivesse acontecido. Ainda mais distraídos se mostram as crianças e os adolescentes. Em muitos casos não se nota aquele senso de seriedade e silêncio interior que devem indicar a presença de Deus na alma.
O Papa Bento XVI fala da necessidade, não só de entender o verdadeiro e profundo significado da Eucaristia, mas também de celebrá-La com dignidade e reverência. Diz que é necessário estar consciente "dos gestos e posições, como ajoelhar- se durante os momentos salientes da Oração Eucarística" (Sacramentum Caritatis, 65). Além disso, tratando do recebimento da Sagrada Comunhão, convida todos a "fazer o possível para que o gesto, na sua simplicidade, corresponda ao seu valor de encontro pessoal com o Senhor Jesus Cristo no Sacramento" (Sacramentum Caritatis, 50).
Creio que chegou a hora de avaliar a prática acima mencionada, de reconsiderá-la e, se necessário, abandonar a atual, que de fato não foi indicada nem pela Sacrosanctum Concilium nem pelos Padres Conciliares, mas foi aceita depois de sua introdução abusiva em alguns países. Hoje, mais do que nunca é necessário ajudar os fiéis a renovar uma Fé viva na presença real de Cristo nas Espécies Eucarísticas, para reforçar a própria vida da Igreja e defendê-la em meio às perigosas distorções da Fé que tal situação continua causando.
Adriano Silva
Ministro da Sagrada Comunhão Eucarística

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

O milagre eucarístico de Lanciano


Lanciano é uma cidadezinha perto da costa adriática italiana, situada a uma meia-distância de San Giovanni Rotondo (a mesma em que S. Pio de Pietrelcina viveu a maior parte de sua vida) e Pescara, quase aos pés dos Apeninos. O próprio nome da cidade, "Lanciano", quase que antecipa o milagre que viria a ocorrer ali, mais tarde.
Com efeito, a cidade que originalmente se chamava Anxanum, teve seu nome mudado para Lanciano, em referência a um filho seu ilustre: o centurião Longinus, aquele mesmo que feriu Jesus com uma lança, na cruz. A narração do Evangelho da crucifixão diz que ao ser golpeado pela lança, o coração de Jesus verteu sangue e água, substâncias que, segundo a tradição, tocou um dos olhos de Longinus, devolvendo sua visão (era cego de um olho).
No século VIII, havia na cidade uma comunidade de monges de São Basílio, que viviam no mosteiro de São Legoziano. Entre eles, havia um que vivia assaltado por dúvidas quanto à presença real do Corpo e do Sangue de nosso Senhor Jesus Cristo na hóstia e vinho consagrados. Suas dúvidas, certamente alimentadas em segredo, acabaram por minar lentamente sua fé.

FONTE SITE HORA DA MISSA

Certa manhã, atormentado violentamente por tais dúvidas e em plena celebração da santa missa, aquele monge deu início à consagração do pão e do vinho e o que viu, então, fê-lo ficar imóvel um bom tempo, contemplando o altar, para a admiração dos fiéis que assistiam a missa. Então, virando-se para o povo, aquele sacerdote disse-lhes:
"Felizes as testemunhas que, para confundir a minha falta de fé, Deus escolheu para revelar-se a si mesmo neste bem-aventurado Sacramento e torná-Lo visível aos seus olhos".
O pão tinha se transformado em carne viva e o vinho em sangue, ante os olhos daquele sacerdote assaltado pela incredulidade. Mais uma vez, o coração de Jesus, cujo sacrifício a missa tinha renovado naquele momento, realiza o mesmo milagre feito na cruz: no Calvário, o centurião, vendo os sinais inequívocos que se seguiram à morte de Jesus, teve que reconhecer nele o Filho de Deus; aquele sacerdote, diante daquele daquela carne e sangue, retomou a sua fé e pôde dizer, como Longinus, eis o Filho de Deus.
O relato deste milagre estupendo atravessou os tempos e as relíquias, ou seja, a hóstia parcialmente transformada em carne e o vinho tornado sangue, foram guardados em um relicário de marfim, colocado sobre o altar lateral da igreja, onde permaneceu por cinco séculos. Em 1713, a hóstia passou a ser guardada numa custódia de prata e o sangue num cálice de cristal, peças que são mantidas até os dias de hoje.



Em 1574, foi reportado outro sinal atestando a autenticidade do milagre eucarístico. O sangue, ao se coagular, tinha se separado em cinco partes de tamanhos e formatos diferentes, tal como ainda hoje se pode comprovar. Ao se examinar aqueles pedaços de sangue coagulados, notou-se que qualquer das partes apresentavam o mesmo peso do total das mesmas e qualquer combinação entre elas também pesavam o mesmo que cada peça individual e das cinco peças juntas. Tal fato foi então aceito pela Igreja local como um sinal de autenticidade do milagre narrado oitocentos anos antes.
Em 1672, o Papa Clemente X declarou privilegiado o altar do milagre eucarístico e em 1887 o arcebispo de Lanciano obteve do Papa Leão XIII indulgência plenária perpétua a quem venerasse as relíquias durante os oito dias que antecedem o dia da festa.
Em 1970, os frades menores conventuais, sob cuja guarda se mantém a igreja do milagre (desde 1252 chamada de São Francisco), decidiram, devidamente autorizados, confiar a dois médicos de renome profissional e idoneidade moral indiscutíveis, a análise científica das relíquias. Para tanto, convidaram o doutor Odoardo Linoli, chefe de serviço dos Hospitais Reunidos de Arezzo, Itália, e livre docente de anatomia e histologia patológica e de química e microscopia clínica, para, assessorado pelo professor Ruggero Bertelli, professor emérito de anatomia humana normal na Universidade de Siena, proceder aos exames.
Em 4 de março de 1971, os pesquisadores publicaram um relatório contendo o resultado das análises:

a) a carne é verdadeira carne, o sangue é verdadeiro sangue;

b) a carne é do tecido muscular do coração (miocárdio, endocárdio e nervo vago);

c) a carne e o sangue contém o mesmo tipo sanguíneo, do grupo 'AB'; e

d) foram encontrados no sangue minerais (fósforo, magnésio, potássio, sódio e cálcio, entre outros) e proteínas na mesma proporção encontrada no sangue e carne frescos.
A conservação da carne e do sangue deixados em seu estado natural durante treze séculos e expostos à ação de agentes atmosféricos e biológicos, permanece um fenômeno sem explicação.
F

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Eucaristia nos une a Cristo e nos transforma n’Ele

O sacramento da Eucaristia, ao transformar-nos de certa maneira no próprio Cristo, nos encaminha para a felicidade eterna e nos faz pregustá-la já nesta terra. Este cativante tema é a seguir desenvolvido pelo douto dominicano Frei Ferdinand-Doratien Joret.

A união transformante, ápice da vida mística
A mais bela fórmula da via mística, plenamente vivida na união transformante, é esta: "a alma vive em Deus e Deus vive na alma". Pois bem, esta frase, repetida várias vezes nos escritos de São João Evangelista, nós a ouvimos pela primeira vez dos lábios do próprio Jesus, justamente quando nos prometeu a divina Eucaristia: "Quem come minha Carne e bebe meu Sangue vive em Mim, e Eu nele" (Jo 6, 56). inspiração, repetiram depois, tratando da vida da caridade e da ação do Espírito Santo nas almas.
Nós vivemos em Deus
"Quem permanece na caridade permanece em Deus, e Deus permanece nele" (1 Jo 4, 16). Permanece em Deus, pois a virtude da caridade é obra imediata do próprio Deus.
É Ele, é seu Divino Espírito em pessoa que a expande em nossos corações.
Ele a dá, esperando que ela suscite e regule seus atos. Toda alma em estado de caridade encontra-se, pois, fundamentada em Deus. Mais ainda, quando sua caridade se desabrocha em atos, torna-se como a vida de Deus comunicando-se ativamente à alma. Na realidade, ela mora em Deus e d'Ele recebe, como de sua própria fonte, a vida.
Deus permanece em nós
Nessa atividade, porém, regressa a alma ao seu princípio vital. A caridade mesma, ao se espraiar sob a ação do Espírito Santo, nos faz retornar ao próprio Deus, que vive em nós. Voltamo- nos para nós mesmos e abraçamos ali essa alma de nossa alma, que é o Espírito Santo e, pela capacidade sobrenatural da virtude da caridade, entramos no gozo desse divino objeto.
Então Ele Se dá verdadeiramente a nós. Ele é o fim e, ao mesmo tempo, o princípio de nosso ato de amor. Estamos em Deus e Deus está em nós.
Já se encontrava Ele em nós antes de surgir em nós o amor, pelo simples fato de nos ter dado esse amor em potência e assim o possuirmos. É dessa forma que Deus reside na alma do recém- nascido e recém-batizado. Compreende- se, contudo, que essa residência em razão do amor habitual acaba por fazer-se atual e explícita, logo que praticamos um ato de amor a Deus. É aí que nos unimos a Deus e, em certo sentido, nos abraçamos a Ele.
Um novo progresso se realizará nessa vida quando essa união se torne consciente, como ocorre no estado místico. A alma terá a impressão de ser atraída por Deus, íntimo dela, à maneira de um ímã que atuasse sobre seu coração e mais ou menos sobre todas as suas demais faculdades, que se concentram e se recolhem n'Ele, num único anelo de amor.
Chega até a ter a sensação de O tocar.
Tal sentimento alcança sua plenitude e se torna contínuo no estado que Santa Teresa denomina "união transformante" ou "matrimônio divino", que é, nesta terra, a maior antecipação do Céu.
A meu juízo, estão certos os teólogos que consideram esse estado místico, cujas etapas percorremos muito abreviadamente, como um desenvolvimento normal da vida espiritual levada com naturalidade até as suas últimas fases. Mesmo opinando, como outros o fazem, que o estado místico está fora da normalidade da vida sobrenatural da graça, forçoso é reconhecer que a Eucaristia realiza de todos os modos uma união transformante muito real e sumamente profunda.
A ninguém deve causar estranheza que particularmente na hora da Comunhão se experimente o estado místico; pois, nesse momento, tudo contribui para induzir a alma ao místico arrebatamento: um sinal sensível nos traz a presença corporal de Cristo, ao mesmo tempo que o Espírito de Deus estimula em nós a caridade, concentrando- a toda no amor extático.
Visto isso, vamos expor como, pela Comunhão, se produz na alma a união com Cristo e a transformação n'Ele.
União a Cristo pela Eucaristia
Nosso Senhor afirma essa união: "Quem come minha Carne e bebe meu Sangue permanece em Mim, e Eu nele" (Jo 6,56). E após a instituição desse Sacramento, quando os Apóstolos experimentavam já a veracidade dessas palavras, Jesus falou outra vez, com insistência, dessa união: "Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós. O ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Assim também vós: não podeis tampouco dar fruto, se não permanecerdes em Mim. Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanece em Mim e Eu nele, esse dá muito fruto" (Jo 15, 4- 5). Todo mundo conhece estes versículos.




E como insiste Jesus na idéia: "Permanecei em Mim, permanecei em meu amor!" A Eucaristia é o grande Sacramento da incorporação a Cristo. Todos os outros apenas encaminham e conduzem a ela.
É ela que realiza a união, o metabolismo da vida entre Cristo e seus membros, entre a videira e os ramos.
Cristo, presente realmente nesta terra em todos os sacrários, faz sentir sua comunicação de vida a todos os seus membros, seja por meio dos demais Sacramentos, seja pelas outras graças multiformemente distribuídas às almas em todas as suas vias. Na Comunhão, porém, é Ele mesmo que a alma recebe e sobre quem ela se apóia diretamente, para extrair e tomar d'Ele toda a vida da graça e da caridade.
Aqui está a feliz conseqüência: essa caridade, já mais fervorosa, nos une mais intimamente, de forma tal que Ele mora em nós. É o segundo aspecto da união.
Depois do "vós em Mim", é o "Eu em vós". Meu Pai e Eu "viremos a ele e faremos nele nossa morada" (Jo 14, 23), disse Jesus a respeito de todo fiel que O ama nesta terra. Ao crescer esse amor pela Comunhão, que estimula a caridade, produz-se uma penetração cada vez mais íntima do divino Hóspede em nós. Cada vez gozamos mais d'Ele, perdemo-nos n'Ele, fazemo-nos um com Ele. "Não éramos dois, era uma fusão", escreve Santa Teresinha do Menino Jesus, falando de sua Primeira Comunhão. "Por esse Sacramento - ensina São Tomás - se aumenta a graça e se aperfeiçoa a vida espiritual, a fim de que o homem faça-se mais perfeito pela união a Deus" (III, q. 79, a. 1. ad 1).
Transformação em Nosso Senhor, pela Eucaristia

A idéia de assimilação
Em suas "Confissões", Santo Agostinho relata que lhe parecia ouvir do alto uma voz a lhe dizer: "Eu sou o alimento dos fortes; cresce e Me comerás, não para Me transformar em ti, mas para te transformares em Mim" (1. VII, c.X).
São Tomás aplica à Comunhão essas palavras divinas. Toda nutrição tem por efeito a assimilação. É natural, porém, que o principal elemento, o mais vivente dos dois, seja o que assimila o outro. Ordinariamente, quem come, quem ingere o alimento, é quem o faz passar para sua própria vida. Mas nos encontramos ante um caso extraordinário: na Comunhão, quem é mais vivente é o alimento, e, portanto, Ele é quem transformará em Si aquele que O come. "Daí se segue - afirma São Tomás - que o efeito próprio desse Sacramento é a transformação do homem em Cristo, de maneira a poder dizer: ‘Vivo eu, mas já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim'" (IV Sent., dist. 12, q. 2, a. 1, q. 1).
A idéia de caridade
Chegamos à mesma conclusão partindo da idéia de que a Eucaristia é o pão do amor, o alimento da amizade divina.
O próprio da amizade é ir transformando o amante no objeto do seu amor. À medida que amamos alguém, vamos-nos assemelhando a seu modo de ser, como se a alma do amado se fosse tornando nossa própria alma, inspirando toda a nossa conduta. Desinteressamo- nos de nós mesmos para nos ocuparmos somente do ser amado. E a partir desse momento nossa vida se transforma. Não somos mais o que éramos.
Doravante, o que nos move são suas idéias, seus gostos e afeições, suas intenções e propósitos; e nosso maior desejo é a realização de sua felicidade.
Eis o que a caridade, a qual é a amizade com Deus, opera em nosso coração com respeito a Nosso Senhor. Uma vez mais, vem a propósito a palavra do Apóstolo, há pouco citada: "Não sou eu que vivo, é Cristo quem vive em mim".
Escreve São Tomás: "Por esse Sacramento, opera-se uma certa transformação do homem em Cristo, e é este o seu fruto característico" (Ibid., a. 2, q. 1). Assim, pois, o alimento eucarístico, não menos que nossa virtude da caridade por ele estimulada, nos leva ao esquecimento de nós mesmos, ao sacrifício de nosso egoísmo, para não pensar senão em Nosso Senhor e não viver senão para Ele, jubilosos de entrar no desígnio que Ele teve no mundo e que nos consumará com Ele no Pai. "Eu neles e Tu em Mim, ó Pai, a fim de que todos sejamos consumados na unidade" (Jo 17,23).
No Céu, efetivamente, Jesus estará em nós, unindo vitalmente todos os membros de seu Corpo místico; e Deus, que está em Cristo glorificado, estará de igual modo em nós, que seremos um com Cristo.
A complacência do Pai se estenderá da Cabeça para todos os membros de seu Filho Unigênito: "Eis aqui meu Filho bem-amado!" (Mt 3,17); e nós, inteiramente de acordo com Jesus, todos num só elã, sob seu impulso irresistível, exclamaremos: "Abba! Pai!" E esse duplo movimento de amor - do Pai para nós e de nós para o Pai - não é senão um prolongamento até nós do Espírito Santo, amor substancial do Pai e do Filho, do qual participaremos.
Será a felicidade eterna.
Para ela a Comunhão nos encaminha e nos faz pregustá-la desde já.
"Quem come minha Carne e bebe meu Sangue tem a vida eterna" (Jo 6, 54). Notemos que essa promessa está enunciada no tempo presente. Pela Eucaristia, ela começa a se tornar realidade.
(Revista Arautos do Evangelho, Fev/2006, n. 50, p. 35 a 37)

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

EUCARISTIA FONTE DE AMOR

Jesus disse: “Eu sou o pão da vida: aquele que vem a mim não terá fome, e aquele que crê em mim jamais terá sede”; “Esta é a vontade de meu Pai: que todo aquele que vê o Filho e nele crê, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia”. (conferir João 6, 35 e 40)
O amor não pede permissão para entrar, ele entra e nem percebemos. Assim é o amor da Eucaristia por nós. A nossa alegria está em Jesus Cristo. É uma grande alegria poder comungar Jesus Eucarístico.
O Pão da vida nos leva a nos unirmos e a testemunharmos o poder de Deus. Até onde você conhece Jesus? Até onde vai o seu relacionamento com Ele?
Deus, em sua humildade, se fez pão para habitar em nós. Eucaristia é força para tudo, é a força do amor de Deus. Todo dia eu quero Jesus, em todos instantes da minha vida eu desejo tê-Lo. Como é bonito estar seguro na Palavra de Deus! Estaremos juntos, unidos ao Santíssimo Sacramento da Eucaristia, pois Ele é fonte de amor.
Há 50 anos tive meu primeiro encontro com Jesus Ressuscitado. Há 50 anos tenho o desejo de ser morada de Deus e clamo o Espírito Santo.
Temos que anunciar a alegria de ser de Deus, de podermos adorar a Jesus Sacramentado todos os dias. Todos nós, adoradores de Deus, na mesma estrada, no mesmo caminho de amar, sendo um em Jesus Cristo, devemos levar ao mundo a beleza de termos Jesus Cristo na Eucaristia.
É hora de gritarmos em nossas casas: “Vamos para a Igreja! Vamos adorar!” Pois onde está o Santíssimo Sacramento está o nosso Deus, está o mistério da salvação.
Preciso dizer a todos que somos os responsáveis e co-responsáveis em anunciar este amor maior. Não adianta buscar o “Jesus” do comércio, do shopping, pois o Jesus que precisamos buscar é o da Eucaristia. É a partir do amor a este Jesus que geramos vida em nossos lares.
Meus irmãos, o céu de Deus é Jesus Cristo, o céu de Deus é o Filho da Virgem Maria. São Francisco, quando fez o presépio, pegou as passagens bíblicas e delas tirou a inspiração de colocar os animais perto de Jesus e disse aos frades que os animais conhecem seus donos, da mesma forma nós precisamos estar próximos de Jesus Cristo e o conhecê-Lo.
Jesus quis ensinar que o amor é o caminho mais fácil para a pureza.Deus hoje te chama a um caminho de humildade e de revisão de vida, e isso a partir das adorações.
Acima de tudo, eu costumo dizer que quero morrer assim, num caminho que me leve à humildade, à simplicidade. Não existe alguém difícil de ser amado, mas há em nós uma capacidade de, em Jesus Cristo, amarmos a todos a nossa volta.

claudio tadeu parpinelli

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

EUCARISTIA


É o sacramento pelo qual participamos, com toda a comunidade, do próprio sacrifício do Senhor na Cruz. Os demais sacramentos, assim como todos os ministérios eclesiásticos e tarefas apostólicas, ligam-se à sagrada Eucaristia e a ela se ordenam, pois a santíssima Eucaristia contém todo o bem espiritual da Igreja, a saber, o próprio Cristo, nossa Páscoa.

A Eucaristia significa e realiza a comunhão de vida com Deus e a unidade do povo de Deus. Une a ação, pela qual Deus santifica o mundo em Cristo, e o culto que prestamos a Cristo, no Espírito Santo, e por Cristo, ao Pai. Pela Celebração Eucarística já nos unimos à liturgia do céu e antecipamos a vida eterna, quando Deus será tudo em todos. A Eucaristia é o resumo de nossa fé.

Os nomes que damos à Eucaristia:

1. Ação de Graças.

2. Ceia do Senhor: trata-se da ceia que o Senhor fez com seus discípulos na véspera de sua paixão, e da antecipação das bodas do Cordeiro na Jerusalém Celeste.

3. Fração do Pão: porque esse rito, próprio da refeição judaica, foi utilizado por Jesus quando abençoava e distribuía o pão como presidente da mesa, sobretudo por ocasião da Última Ceia. Quer dizer que todos comem do único pão partido, o Cristo, entram em comunhão com ele e já não formam senão um só corpo nele.

4. Assembleia Eucarística: porque a Eucaristia é celebrada na assembleia dos fiéis, expressão visível da Igreja.

5. Memorial da Paixão e da Ressurreição do Senhor.

6. Santo Sacrifício: porque atualiza o único sacrifício de Cristo Salvador e inclui a oferenda da Igreja; ou também o santo sacrifício da Missa, "sacrifício de louvor", sacrifício espiritual, sacrifício puro e santo, pois realiza e supera todos os sacrifícios da Antiga Aliança.

7. Santa e divina Liturgia: porque toda a liturgia da Igreja encontra o seu centro e sua expressão mais densa na celebração desse sacramento; também chamado, nesse sentido, de Santos Mistérios. Também: Santíssimo Sacramento, porque é o sacramento dos sacramentos. Colocamos esse nome nas espécies eucarísticas guardadas no tabernáculo.

8. Comunhão: porque é por esse sacramento que nos unimos a Cristo, que nos torna participantes do seu Corpo e do seu Sangue para formarmos um só corpo. Também, nesse sentido, chamado de "as coisas santas", dando o primeiro sentido da "Comunhão dos Santos" do Credo.

9. Santa Missa: porque a liturgia na qual se realizou o mistério da salvação termina com o envio dos fiéis (missio) para que cumpram a vontade de Deus na sua vida cotidiana.

Encontram-se no centro da celebração da Eucaristia o pão e o vinho, os quais, pelas palavras de Cristo e pela invocação do Espírito Santo, tornam-se o Corpo e o Sangue de Cristo. Fiel à ordem do Senhor, a Igreja continua fazendo, em sua memória, até à sua volta gloriosa, o que ele fez na véspera de sua paixão. Ao se tornarem misteriosamente o Corpo e o Sangue de Cristo, os sinais do pão e do vinho continuam a significar também a bondade da criação.

Na Antiga Aliança o pão e o vinho são oferecidos em sacrifício entre as primícias (= primeiros frutos) da terra, em sinal de reconhecimento ao Criador.

No êxodo eles recebem um novo significado: os pães ázimos que Israel come cada ano na Páscoa comemoram a pressa da partida libertadora do Egito; a recordação do maná do deserto há de lembrar sempre a Israel que ele vive do pão da Palavra de Deus. Jesus instituiu a sua Eucaristia dando um sentido novo e definitivo à bênção do Pão e do Cálice.

Outros símbolos da Eucaristia são o milagre da multiplicação dos pães e a água transformada em vinho em Cana. Acolher na fé o dom da Eucaristia do Senhor é acolher a ele mesmo.

Vejam melhor a instituição da Eucaristia na própria Bíblia.

Leiam Lc 22,7-20; Mt 26,17-29; Mc 14,12-25; 1Cor 11,23-30; At 2,42-46.

Entre os primeiros cristãos, por exemplo, era principalmente no domingo, o dia da Ressurreição de Jesus, que os cristãos se reuniam "para partir o pão" (At 20,7). Ela continua sendo o centro da vida da Igreja.

O sacrifício de Cristo e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício. "É uma só e mesma vítima, é o mesmo que oferece agora pelo ministério dos sacerdotes, que se ofereceu a si mesmo então na cruz. Apenas a maneira de oferecer é diferente."

Na Eucaristia, o sacrifício de Cristo torna-se também o sacrifício dos membros de seu Corpo. A vida dos fiéis, seu louvor, seu sofrimento, sua oração, seu trabalho são unidos aos de Cristo e à sua oferenda total, e adquirem assim um valor novo. O sacrifício de Cristo presente no altar dá a todas as gerações de cristãos a possibilidade de estarem unidos à sua oferta.

No santíssimo sacramento da Eucaristia estão contidos verdadeira, real e substancialmente o Corpo e o Sangue juntamente com a alma e a divindade de nosso Senhor Jesus Cristo e, por conseguinte, o Cristo todo.

A presença eucarística de Cristo começa no momento da consagração e dura também enquanto subsistirem as espécies eucarísticas. Cristo está presente inteiro em cada uma das partes delas, de maneira que a fração do pão não divide o Cristo.

Devido a esse tão grande mistério da presença de Cristo é que devemos fazer a genuflexão sempre que entramos e saímos da igreja, onde há o sacrário com a sagrada comunhão, e respeitarmos o ambiente da igreja. Devemos comungar sempre que participarmos da Santa Missa, se estivermos preparados. O católico é obrigado a ir à Missa todos os domingos, ou no sábado, quando não der no domingo.

Quanto aos frutos da comunhão: Ela aumenta a nossa união com Cristo, separa-nos do pecado, preserva-nos dos pecados mortais futuros, promove a união nossa enquanto Igreja, compromete-nos com os pobres, promove a unidade dos cristãos.

fonte site - Catolicismo Romano


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

VIVENDO A EUCARISTIA COM O APOSTOLADO DA ORAÇÃO


Eu vos exorto, pois, irmãos pela misericórdia de Deus,
a oferecerdes vossos corpos em sacrifício vivo, santo e
agradável a Deus. Este é o verdadeiro culto espiritual.
(Rom 12,1).
O APOSTOLADO DA ORAÇÃO te oferece um novo estilo de
vida, simples e profundo, centralizado no Batismo e na
Eucaristia, unido ao Coração de Jesus.
Em que consiste este novo estilo de vida?
Consiste bàsicamente no oferecimento de ti mesmo e de cada dia, de tua vida a Deus. Isto
é tudo.
Como me ofereço a mim mesmo?
Ao começar teu dia, pronuncias uma oração de oferecimento. Esta pode brotar
simplesmente do teu coração, com tuas próprias palavras, ou podes seguir a que te
propomos como oferecimento diário. Com esta oração entregas o novo dia ao Senhor,
pedindo que teu humilde oferecimento esteja unido ao perfeito oferecimento que Jesus
faz de si mesmo a seu Pai na celebração da Santa Missa. Assim, começas o dia dizendo e
pedindo ao Senhor que queres fazê-lo tudo nele e por Ele. Com essa pratica de cada dia, a
tua vida é acolhida no Coração de Jesus, junto com as vidas de milhões de outras pessoas
que também fazem essa oferenda.
Como a minha vida pode mudar se a ofereço a Deus?
A Oração de Oferecimento do dia é em primeiro lugar uma expressão do nosso desejo, é
um ato da nossa vontade. Com simplicidade, dizes ao Senhor que queres que todo o teu
dia seja dele. Pedes com sinceridade a graça de ser guiado pelo Espírito Santo e não pelos
tuas próprias tendências egoístas. Sendo pecadores como somos, não podemos garantir
os resultados. Mas por meio dessa oração afirmas claramente o teu desejo de unir a tua
vida à de Jesus e de pôr o teu coração no seu Coração. Exprimes a tua saudade profunda
de viver o teu dia com generosidade e santidade, e o pedes como graça.
Como recebe Deus o meu oferecimento?
Jesus acolhe com carinho o oferecimento sincero da tua vida. Apesar das tuas limitações,
ao unir a tua vida a Cristo desse jeito, ele te recebe como o seu colaborador na salvação
dos teus irmãos e irmãs. Ele te une à sua própria obra de redenção, enquanto lhe pedes a
graça de viver segundo o seu Coração, te oferecendo ao serviço do mundo junto com Ele.
2
Por que dizemos que este caminho é um modo de viver a Eucaristia?
Porque nos une ao modo de vida de Jesus, que foi sempre eucarístico. Ele viveu sempre
doando a vida pelos outros. Nele não havia lugar para qualquer indício de egoísmo. Ao
fim da sua vida, Ele tomou a decisão generosa de entregar-se a si mesmo, sua vida e sua
morte, ao Pai e a nós. Eis o que simboliza de modo real nos gestos e nas palavras da
Última Ceia: Tomai e comei, isto é o meu corpo entregue por vós. Jesus resume o que
sempre viveu. Logo nos convida a fazer o mesmo que Ele fez: Fazei isto em minha
memória. Fazer o que? Dar também nossa própria vida pelos irmãos e irmãs. A Eucaristia
se converte assim num jeito de viver, um programa para o dia. E essa a atitude que
exprimes e desejas viver ao oferecer ao Senhor tudo o que fazes cada dia.

P. Claudio Barriga, S.J.
Delegado do Director internacional do Apostolado da Oração
apora@sjcuria.org – tel. of: +39 06 68977211www.apostleshipofprayer.net Roma, 29 de Janeiro de 2008

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A Eucaristia faz a Igreja e a Igreja faz a Eucaristia


A Eucaristia é a fonte da vida cristã. É o mistério da fé, o Dom por excelência, o maior tesouro espiritual da igreja. A igreja vive da Eucaristia. Temos a obrigação de conhecê-la, aprofundá-la e compreendê-la mais para assim amá-la.
A Eucaristia é o sacrifício decisivo da cruz, é Jesus Cristo vivo e ressuscitado na forma de pão. Cada vez que é feito o sacrifício da Eucaristia é realizado a única e a mesma morte e ressurreição.Queremos intensificar nosso amor e nossa devoção a Jesus Eucarístico. 

Que lugar ocupa a Eucaristia em minha vida, minha família, minha comunidade, minha paróquia? Conhecemos melhor a Eucaristia com o coração, devemos conhecê-la para amá-la. 

Conhecer significa experimentar, estar comprometido, estar ligado, fazer um encontro vivo, pessoal com Jesus Eucarístico.
O mês de outubro, tradicionalmente conhecido como um tempo dedicado à meditação dos mistérios do Rosário, recorda-nos o compromisso de rezar e trabalhar pelas missões. Perto da sua comunidade, quem sabe, tem uma área de missão ainda não assistida. De que forma os ministérios e os serviços que nascem da Eucaristia podem estar ajudando a evangelizar e a humanizar a vida das pessoas? 

A Santa Igreja confiou as comunidades cristãs uma missão importantíssima: revelar as riquezas do amor de Deus contidas na Eucaristia. Trata-se de um serviço que ultrapassa a capacidade das comunidades eclesiais no Brasil. Por isso, necessitamos da valiosa colaboração dos leigos que, na condição de protagonistas da ação evangelizadora, ajudam-nos a viver com fidelidade criativa a nossa vocação e missão a serviço do povo de Deus. 

Caro Irmão e irmã colaborem com o mês do Rosário e das Missões, juntando-se à sua comunidade, para juntos partilharmos o Pão da Palavra e da Eucaristia com tantos irmãos e Irmãs que têm fome e sede de Deus. Nossas comunidades estão de portas abertas para recebê-los.

O apostolado tem origem na missão da Igreja de continuar a obra da Redenção de Cristo. Empreendem esta missão principalmente em seu meio: no seu trabalho cotidiano e na Igreja local, tanto pelo exemplo como pela ação.
Nós Cristãos queremos ser o ANÚNCIO da Eucaristia. A Eucaristia é para todo mundo! É o Sacramento dado para a vida do mundo. A Eucaristia tem por MISSÃO viver e proclamar a Eucaristia. Ela é nossa vida... Nossa razão de ser... Nosso Carisma... Prioridade absoluta... Motivação constante para tudo que fazemos pela construção do Reino. 

A Eucaristia não é estática, é DINÂMICA! Isto quer dizer que é necessária uma contínua RELEITURA Histórica do Carisma Eucarístico... Segundo a teologia de hoje, deixando-nos interpelar pelas Situações do homem de nosso tempo! Assim queremos vivenciar a Eucaristia, compreendendo seu CONTEÚDO... Revelando-A ao mundo.
Vivemos com nossas famílias, cumprindo nossa missão no mundo como sinais de amor e fraternidade, testemunhando com nossas vidas, trabalho e contemplação. 

Somos engajadas em qualquer profissão, oficio ou trabalho apostólico compatível com a vida de oração particular, sendo, entretanto, dada a preferência ao apostolado diretamente ligado ao Mistério da Santíssima Eucaristia.
Devemos saber reconhecer o tempo em que estamos vivendo. Vivemos os últimos tempos, o tempo pós-pascal, tempo de edificação do Reino de Deus na história dos homens, 

tempo de fazer com que o mistério da cruz e da ressurreição produzirem frutos de fraternidade, justiça e solidariedade, tempo de presença do Espírito Santo na vida de todos, tempo de crescimento no amor e na verdade, tempo de reconciliação, de construção da paz e da vida nova, tempo de sentir os apelos do reino que se manifestam na história, apelos para nos comprometermos com os pequenos, apelos para celebrarmos o Deus atuante na história.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

EUCARISTIA MISTERIO DE SALVAÇÃO

A Sagrada Eucaristia foi preparada pelo Pai desde sempre, porque tudo o que está ligado ao projeto de Salvação tem um valor infinito no coração de Deus.
Jesus disse: ” Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que dura até  a vida eterna, que o Filho do Homem vos dará. Pois nela Deus Pai imprimiu o seu sinal.”( Jo 6,27 )
Quando tomamos a Eucaristia participamos do Mistério da Salvação – o Mistério Pascal ( Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo ). ” Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia”. ( Jo 6, 54)
Já há sinais no Antigo Testamento, que nos indicam como seria a santa Eucaristia instituída por Jesus Cristo:
- Em Gn 14,18 -  O rei e sacerdote Melquisedec manda trazer o pão e o vinho para a cerimônia de bênção a Abraão.
- No Salmo 77, 24 -  O salmista narra a descida do pão ( maná ) do céu para saciar a fome do povo eleito.
-Em Ex 12,15 e 21 -  A páscoa dos judeus era celebrada com pão sem fermento e o sangue de um cordeiro imolado, para confirmar a aliança feita com Deus ao seu povo, na passagem da escravidão para a terra prometida.
Também no Novo testamento, há outros sinais:
- Quando Jesus se aproximou de João Batista para ser batizado, este disse: “Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. “
- O milagre da água transformada em vinho nas bodas de Caná, anuncia a hora da glorificação de Jesus ( CIC 1335 ).
- O milagre da multiplicação  dos pães, diz o catecismo, prefigura a superabundância deste único pão da sua Eucaristia.
- E no Evangelho de São João capítulo 6, versículo 51 Jesus anuncia a Eucaristia: “  Eu sou o pão vivo que desceu do céu, quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu hei de dar é minha carne para a salvação do mundo”.
A Eucaristia é o centro da vida da Igreja. É semente da vida eterna e poder ( cic).
Jesus escolheu a festa da páscoa dos judeus para instituir a Eucaristia,  para dar o sentido definitivo à páscoa judaica. “Raiou o dia dos pães sem fermento, em que se devia imolar a Páscoa. Jesus enviou Pedro e João, dizendo:  Ide preparai-nos a ceia da Páscoa.”  ( lc 22, 7-8 )
Jesus já não só oferece o pão ázimo, da páscoa dos judeus, mas o seu próprio Corpo ( o Pão que desceu do céu);
Já não é mais o sangue do cordeiro ( o vinho ), que sela a aliança com Deus, mas é o sangue precioso  do Filho de Deus derramado na cruz , Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. É o  Sangue da nova e definitiva aliança com Deus.
Eis a narração da Instituição da Eucaristia, que se encontra no Evangelho de São Mateus capítulo 26, versículos de 26 a 28:
” Durante a refeição, Jesus tomou o pão, benzeu-o, partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai e comei, isto é meu corpo.
Tomou depois o cálice, rendeu graças e deu-lho, dizendo: Bebei dele todos, porque isto é meu sangue, o sangue da Nova Aliança, derramado por muitos homens em remissão dos pecados”.
O pão e o vinho, pelas palavras de Cristo e pela invocação do Espírito Santo, se tornam o Corpo e o Sangue de Cristo.
Fiel a ordem do Senhor, a Igreja continua fazendo em sua memória ( At 2, 46-47 ) até à sua volta gloriosa, o que Ele fez na sua paixão.
O Catecismo ensina que: ” Através da consagração opera-se a transubstanciação do pão e do vinho no Corpo e no Sangue de Cristo. Sob as espécies consagradas do pão e do vinho, Cristo mesmo, vivo e glorioso, está presente de maneira verdadeira, real e substancial, seu Corpo e seu sangue, com sua alma e sua divindade”.( Concílio de Trento)
Esses são os significados da Eucaristia para nós católicos:
Presença real do Corpo, Sangue, Alma e Divindade de nosso Senhor Jesus Cristo
Missa
Jesus -  o Pão  que dá a  vida
Memória do sacrifício de Jesus na cruz pelos nossos pecados
Ressurreição no último dia
Sustento
Presença da hóstia consagrada  no Sacrário
Coragem
Intimidade com Deus
Alegria e festa da primeira Eucaristia
Cura
Tranformação de vida
Encontro com o Amor Salvador
Sacramento
Mergulho no Mistério Pascal
Graça
O sangue libertador do Senhor
Promessa de vida eterna
Comunhão com  Deus e com os irmãos
Milagre eucarístico em Lanciano ( Itália ), Santarem ( Portugal ) ,etc…
Frases de santos sobre a Eucaristia:
São João Maria Vianney : “O alimento da alma é o corpo e o sangue de Deus!…Oh! formoso alimento! A alma não se pode alimentar senão de Deus. Só Deus pode bastar-lhe. Só Deus pode saciá-la. Fora de Deus não há nada que possa saciar-lhe a fome.”
Padre Pio: “Ao assistir a Santa Missa você é preservado de muitas desgraças e perigos, pelos quais você seria abatido!”
São Pedro Julião Eymard: “Jesus está em cada hóstia consagrada e, se esta for partida, ficará Ele todo inteiro sob cada partícula. Em vez de dividi-lO, a fração da hóstia O multiplica.”
Santo Afonso de Ligório: “Assim, o sacerdote que celebra uma missa rende a Deus uma honra infinitamente maior, sacrificando-lhe Jesus Cristo, do que se todos os homens, morrendo por ele, lhe fizessem o sacrifício das suas vidas. Mais ainda, por uma só missa, dá o sacerdote a Deus maior glória, do que lhe têm dado e hão de dar todos os anjos e santos do Paraíso, incluindo também a Virgem santíssima; porque não lhe podem dar um culto infinito, como o faz um sacerdote celebrando no altar.”
São Francisco de Assis : “E quando o sacerdote o oferecer em sacrifício sobre o altar, e aonde quer que o leve, todo o povo dobre os joelhos e renda louvor, honra e glória ao Senhor Deus vivo e verdadeiro.”
Santa Catarina de Sena: “Deveis fazer a Eucaristia, portanto, com pureza de mente e de corpo, tendo o coração em paz, sem rancor e ódio na alma.”
Fonte: Jane  Amábile – Comunidade Divino  Espírito Santo

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Ato de fé na Eucaristia

Na santa missa durante a consagração, Quando o sacerdote ergue a hostia, nossos olhos ainda veem o pão, mas nossa fé nos diz que a hostia que esta consagrada, tornou-se Corpo de Cristo. Por este ato de fé na Eucaristia, nos reconhecemos a presença real de Cristo no Santissimo Sacramento e esperamos o dia em que não so vamos acreditar pela nossa fé , mas vamos ve-Lo no céu.
O Meu Deus, creio firmimente que tu és realmente o corpo presente no Santissimo Sacramento do altar. Adoro-te , em tua presença desde as produndezas do meu coração, e eu adoro Tua presença sagrada com toda a humildade possivel.
Que alegria poder adora-Lo de toda minha alma, que alegria poder te-Lo Jesus Cristo sempre comigo, que alegria poder falar com o Senhor, falar de Coração a Coração, com toda a confiança.
Ó  Senhor, fazei que eu depois de ter adorado Tua Majestade divina aqui na terra neste Sacramento maravilhoso, possa ser capaz de adora-Lo eternamente no ceu.
Corpo de Cristo a minha salvação, Sangue de Cristo, prencha todas as minhas veias, agua do lado de Cristo, lava as minhas manchas, Paixão de Cristo meu conforto, ó bom Jesus, escuta-me, jamais deixe que eu me afaste de Ti, protege-me se o inimigo atacar-me, chame-me quando a minha vida me conduz a outro lugar, leve-me para Ti, com teu Santos para que eu possa cantar Teu amor amem.
Agradeço Jesus por Tua preença constante entre nos, não apenas atraves de sua graça, mas fisicamente nete admiravel Sacramento da Sagrada Eucaristia, seu Corpo é o Pão dos Anjos, oferecido a nos para nossa salvação.
Adoro-te, o Jesus, Verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, aqui presente na Santa Eucaristia, humildemente diante de Ti e unido em espirito com todos que creem em Ti e com todos os bem aventurados que estão junto a Ti no ceu, na mais profunda gratidão, por tão grande benção,  eu te Amo meu Jesus, com todo o meu coração, com todo meu ser, com todo o meu entendimento, pois Tu és tudo perfeito e todo digno de amor.Da-me a graça de nunca de forma alguma ofender-te, concede-me a graça , de sempre estar na Tua presença, no Santissimo Sacramento da Eucaristia aqui na terra, e poder um dia estar junto da Tua e de nossa Mãe Maria, na prsença eterna no ceu, amem.
Que Jesus Cristo Eucaristico abençoe a todos nos.

Claudio Tadeu Parpinelli

Ação de graças após a comunhão


Falar de ação de graças após a Comunhão Eucarística pode parecer pleonasmo, pois toda a celebração eucarística – na sua íntegra – constitui a ação de graças por excelência. Nela se recapitularam e culminam as múltiplas modalidades de ação de graças ininterrupta que deve ser – também na sua íntegra – a vida de cada cristão (cf. eucharistein = dar graças; cf. Cl 3, 17; 1Ts 5, 18).

Mas trata-se aqui, de modo particular, dos instantes privilegiados que se seguem, para o sacerdote e para os fiéis, à comunhão sacramental com o Corpo de Cristo.

A Constituição Dogmática Lumen Gentium, fazendo-se eco da tradição constante da Igreja desde as suas origens (cf. 1Cor 10,17), lembra-nos que, participando realmente do Corpo do Senhor na fração do pão eucarístico, somos elevados à comunhão com Ele e entre nós (n.º 7).

Assim, de um lado, a Comunhão Eucarística realiza a união de cada comungante com o Corpo e o Sangue de Cristo. Trata-se aí de verdadeira união de sua pessoa com a pessoa mesma de Jesus Cristo, corporalmente presente no comungante: presença real que resulta da transubstanciação efetuada pelas palavras consecratórias que o padre pronuncia in persona Christi no momento da consagração (signum et sacramentum).¹

Mas, de outro lado, a Comunhão Eucarística realiza a união de cada comungante com o Cristo total, Cabeça e Corpo, portanto não apenas com o seu Corpo físico, mas também com o Corpo Místico ou, em outras palavras, com a Igreja considerada em sua totalidade e em cada um dos seus membros (cf. res tantum).

Eis por que a Comunhão Eucarística, que se situa no coração mesmo da Liturgia, constitui, de um lado, um ato eminentemente pessoal do cristão batizado, e, de outro lado, visto que as ações litúrgicas não são ações particulares, mas celebrações da Igreja, que é sacramento da unidade (cânon 837), a Comunhão Eucarística, na qual se consuma o santo Sacrifício da Missa, constitui, por excelência e para cada comungante, um ato eclesial.

Nesta perspectiva, é para agradecer a Deus um tão grande benefício que o Missal Romano de Paulo VI (Institutio Generalis Missalis Romani) prevê explicitamente que a recepção da Santa Comunhão seja seguida de um tempo de oração pessoal – e principalmente de um tempo conveniente de silêncio sagrado – com a possibilidade de exprimir por cantos, salmos ou cânticos, a alegria e a gratidão daqueles que, alimentados pela carne e o sangue de Cristo, se tornem a realidade do seu Corpo que é a Igreja. Assim se entende a ação de graças eclesial; é altamente desejável que ela seja prolongada após a celebração mediante
meditação durante um tempo conveniente.¹
Revista: “PERGUNTE E RESPONDEREMOS”

D. Estevão Bettencourt, osb.
Nº 348 – Ano 1991 – Pág. 256

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Porque a Eucaristia é um Sacramento?

A recepção de Jesus Cristo sacramentado sob as espécies de pão e vinho na sagrada Comunhão significa e verifica o alimento espiritual da alma. E assim, enquanto que nela se dá a graça invisível sob espécies visíveis, guarda razão de sacramento. Jesus ao instituir a Eucaristia lhe confere intrinsecamente o valor sacramental pois através dela Ele nos transmite sua graça, sua presença viva. Por isso, a Eucaristia é o mais importanet dos sacramentos, de onde saem e para onde se dirigem todos os demais, centro da vida litúrgica, expressão e alimento da comunhão cristã.
Sacramento de Unidade. Ao nos referirmos à Eucaristia como Comunhão, estamos proclamando nossa união entre todos os cristãos e nossa adesão à Igreja com Jesus. Por isso, a Eucaristia é um sacramento de unidade da Igreja, e sua celebração só é possível onde há uma comunidade de fiéis.
Sacramento do amor fraterno. Na mesma noite em que Jesus instituiu a Eucaristia, instituiu o mandamento do amor. Portanto, a Eucaristia e o amor aos demais têm que andar sempre juntos. Jesus institui a Eucaristia como prova de seu imenso amor por nós e pede aos que vamos participar dela,  que nos amemos como Ele nos amou. E, neste sentido, a Eucaristia deve estar necessariametne antecedido pelo Sacramento da Reconciliação pois o receber o "alimento de vida eterna" exige uma reconciliação constante com os irmãos e com Deus Pai.
O mistério eucarístico, desgarrado de sua própria natureza sacrificial e sacramental, deixa simplesmente de ser tal. Não admite nenhuma imitação "profana", que se converteria muito facilmente (se nao até mesmo como norma) em uma profanação. Isto deve ser sempre lembrado, e principalmente em nosso tempo em que observamos uma tendência a apagar a distinção entre "sacrum" e "profanum", dada a difundida tendência geral (ao menos em alguns lugares) à dessacralização de tudo.
Em tal realidade a Igreja tem o dever particular de assegurar e corroborar o "sacrum" da Eucaristia. Em nossa sociedade pluralista, e às vezes também deliberadamente secularizada, a fé viva da comunidade cristã -fé consciente inclusive dos próprios  direitos a respeito de todos aqueles que não compartilham a mesma fé- garante a este "sacrum" o direito de cidadania. O dever de respeitar a fé de cada um é ao mesmo tempo co-relativa ao direito natural e civil da liberdade de consciência e de religião.
Os ministros da Eucaristia devem, portanto, principalmente em nossos dias, ser iluminados pela plenitude desta fé viva, e à luz dela devem compreender e cumprir tudo o que faz parte de seu ministério sacerdotal, por vontade de Cristo e de sua Igreja
FONTE ACI

CLAUDIO TADEU PARPINELLI

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Carta Encíclica Ecclesia de Eucharistia conclusão

59. « Ave, verum corpus natum de Maria Virgine ». Celebrei há poucos anos as bodas de ouro do meu sacerdócio. Hoje tenho a graça de oferecer à Igreja esta encíclica sobre a Eucaristia, na Quinta-feira Santa do meu vigésimo quinto ano de ministério petrino. Faço-o com o coração cheio de gratidão. Há mais de meio século todos os dias, a começar daquele 2 de Novembro de 1946 quando celebrei a minha Missa Nova na cripta de S. Leonardo na catedral do Wawel, em Cracóvia, os meus olhos concentram-se sobre a hóstia e sobre o cálice onde o tempo e o espaço de certo modo estão « contraídos » e o drama do Gólgota é representado ao vivo, desvendando a sua misteriosa « contemporaneidade ». Cada dia pôde a minha fé reconhecer no pão e no vinho consagrados aquele Viandante divino que um dia Se pôs a caminho com os dois discípulos de Emaús para abrir-lhes os olhos à luz e o coração à esperança (cf. Lc 24, 13-35).

Deixai, meus queridos irmãos e irmãs, que dê com íntima emoção, em companhia e para conforto da vossa fé, o meu testemunho de fé na Eucaristia: « Ave, verum corpus natum de Maria Virgine, / vere passum, immolatum, in cruce pro homine! ». Eis aqui o tesouro da Igreja, o coração do mundo, o penhor da meta pela qual, mesmo inconscientemente, suspira todo o homem. Mistério grande, que nos excede - é certo - e põe a dura prova a capacidade da nossa mente em avançar para além das aparências. Aqui os nossos sentidos falham - « visus, tactus, gustus in te fallitur », diz-se no hino Adoro te devote -; mas basta-nos simplesmente a fé, radicada na palavra de Cristo que nos foi deixada pelos Apóstolos. Como Pedro no fim do discurso eucarístico, segundo o Evangelho de João, deixai que eu repita a Cristo, em nome da Igreja inteira, em nome de cada um de vós: « Senhor, para quem havemos nós de ir? Tu tens palavras de vida eterna » (Jo 6, 68).

60. Na aurora deste terceiro milénio, todos nós, filhos da Igreja, somos convidados a progredir com renovado impulso na vida cristã. Como escrevi na carta apostólica Novo millennio ineunte, « não se trata de inventar um "programa novo". O programa já existe: é o mesmo de sempre, expresso no Evangelho e na Tradição viva. Concentra-se em última análise, no próprio Cristo, que temos de conhecer, amar, imitar, para n'Ele viver a vida trinitária e com Ele transformar a história até à sua plenitude na Jerusalém celeste ».(103) A concretização deste programa de um renovado impulso na vida cristã passa pela Eucaristia.

Cada esforço de santidade, cada iniciativa para realizar a missão da Igreja, cada aplicação dos planos pastorais deve extrair a força de que necessita do mistério eucarístico e orientar-se para ele como o seu ponto culminante. Na Eucaristia, temos Jesus, o seu sacrifício redentor, a sua ressurreição, temos o dom do Espírito Santo, temos a adoração, a obediência e o amor ao Pai. Se transcurássemos a Eucaristia, como poderíamos dar remédio à nossa indigência?

61. O mistério eucarístico - sacrifício, presença, banquete - não permite reduções nem instrumentalizações; há-de ser vivido na sua integridade, quer na celebração, quer no colóquio íntimo com Jesus acabado de receber na comunhão, quer no período da adoração eucarística fora da Missa. Então a Igreja fica solidamente edificada, e exprime-se o que ela é verdadeiramente: una, santa, católica e apostólica; povo, templo e família de Deus; corpo e esposa de Cristo, animada pelo Espírito Santo; sacramento universal de salvação e comunhão hierarquicamente organizada.

O caminho que a Igreja percorre nestes primeiros anos do terceiro milénio é também caminho de renovado empenho ecuménico. Os últimos decénios do segundo milénio, com o seu apogeu no Grande Jubileu do ano 2000, impeliram-nos nesta direcção, convidando todos os baptizados a corresponderem à oração de Jesus « ut unum sint » (Jo 17, 11). É um caminho longo, cheio de obs- táculos que superam a capacidade humana; mas temos a Eucaristia e, na sua presença, podemos ouvir no fundo do coração, como que dirigidas a nós, as mesmas palavras que ouviu o profeta Elias: « Levanta-te e come, porque ainda tens um caminho longo a percorrer » (1 Re 19, 7). O tesouro eucarístico, que o Senhor pôs à nossa disposição, incita-nos para a meta que é a sua plena partilha com todos os irmãos, aos quais estamos unidos pelo mesmo Baptismo. Mas para não desperdiçar esse tesouro, é preciso respeitar as exigências que derivam do facto de ele ser sacramento da comunhão na fé e na sucessão apostólica.

Dando à Eucaristia todo o realce que merece e procurando com todo o cuidado não atenuar nenhuma das suas dimensões ou exigências, damos provas de estar verdadeiramente conscientes da grandeza deste dom. A isto nos convida uma tradição ininterrupta desde os primeiros séculos, que mostra a comunidade cristã vigilante na defesa deste « tesouro ». Movida pelo amor, a Igreja preocupa-se em transmitir às sucessivas gerações cristãs a fé e a doutrina sobre o mistério eucarístico, sem perder qualquer fragmento. E não há perigo de exagerar no cuidado que lhe dedicamos, porque, « neste sacramento, se condensa todo o mistério da nossa salvação ».(104)

62. Meus queridos irmãos e irmãs, vamos à escola dos Santos, grandes intérpretes da verdadeira piedade eucarística. Neles, a teologia da Eucaristia adquire todo o brilho duma vivência, « contagia-nos » e, por assim dizer, nos « abrasa ». Ponhamo-nos sobretudo à escuta de Maria Santíssima, porque n'Ela, como em mais ninguém, o mistério eucarístico aparece como o mistério da luz. Olhando-A, conhecemos a força transformadora que possui a Eucaristia. N'Ela, vemos o mundo renovado no amor. Contemplando-A elevada ao Céu em corpo e alma, vemos um pedaço do « novo céu » e da « nova terra » que se hão-de abrir diante dos nossos olhos na segunda vinda de Cristo. A Eucaristia constitui aqui na terra o seu penhor e, de algum modo, antecipação: « Veni, Domine Iesu » (Ap 22, 20)!

Nos sinais humildes do pão e do vinho transubstanciados no seu corpo e sangue, Cristo caminha connosco, como nossa força e nosso viático, e torna-nos testemunhas de esperança para todos. Se a razão experimenta os seus limites diante deste mistério, o coração iluminado pela graça do Espírito Santo intui bem como comportar-se, entranhando-se na adoração e num amor sem limites.

Façamos nossos os sentimentos de S. Tomás de Aquino, máximo teólogo e ao mesmo tempo cantor apaixonado de Jesus eucarístico, e deixemos que o nosso espírito se abra também na esperança à contemplação da meta pela qual suspira o coração, sedento como é de alegria e de paz:

« Bone Pastor, panis vere
Iesu, notri miserere... ».

« Bom Pastor, pão da verdade,
Tende de nós piedade,
Conservai-nos na unidade,
Extingui nossa orfandade
E conduzi-nos ao Pai.

Aos mortais dando comida
Dais também o pão da vida:
Que a família assim nutrida
Seja um dia reunida
Aos convivas lá do Céu ».

Dado em Roma, junto de S. Pedro, no dia 17 de Abril, Quinta-feira Santa, do ano 2003, vigésimo quinto do meu Pontificado e Ano do Rosário.

IOANNES PAULUS II

domingo, 5 de fevereiro de 2012

EUCARISTIA: SACRAMENTO POR EXCELÊNCIA


05/11/2011 - 18:19:25
Eucaristia, mistério que se crê, celebra e é vivido, é o programa de vida de todos os que se congregam na Igreja na experiência indispensável do seguimento a Cristo. A Eucaristia é mistério da fé, o resumo e a súmula da fé de todos aqueles que creem n’Ele.

A Eucaristia nos foi dada por Cristo, ou melhor, o próprio Jesus Cristo se dá na Eucaristia conforme diz Paulo “O Senhor Jesus, na noite em que foi entregue” (1Cor 11, 23) instituiu o sacrifício eucarístico do seu corpo e sangue. Estas palavras do apóstolo Paulo recordam-nos as circunstâncias dramáticas em que nasceu a Eucaristia. Elas trazem o evento da paixão e morte do Senhor. Não é só a sua evocação, mas presença sacramental. É o sacrifício da cruz que se perpetua através dos séculos. A Igreja recebeu a Eucaristia de Cristo seu Senhor, que se dá como dom d’Ele mesmo, da sua Pessoa na humanidade sagrada, e também da sua obra de salvação. Esta não fica no passado, pois “tudo o que Cristo é, tudo o que fez e sofreu por todos os homens, participa da eternidade divina, e assim transcende todos os tempos e em todos se torna presente”. Na Eucaristia Jesus não dá alguma coisa, mas dá-se a si mesmo, ao entregar o seu corpo e derramar o seu sangue. A oferta da totalidade de sua vida manifesta a fonte originária desse amor. Jesus Cristo é o filho amado e eterno que Deus Pai entregou por nós. Esse é o mistério pascal do qual nasce a Igreja.

A Eucaristia é o sacramento por excelência desse mistério pascal e, por isso, é o centro da vida da Igreja – que nasce e vive da Eucaristia. Esta verdade exprime uma experiência diária de fé e contém em síntese o próprio núcleo do mistério da Igreja. Ao manifestar publicamente a sua fé eucarística, ela se dá a conhecer como Igreja da Eucaristia, expondo publicamente as suas raízes e as razões que configuram a sua fidelidade e o seu compromisso. É com alegria que ela experimenta, de diversas maneiras, a realização incessante desta promessa: “Eu estarei sempre convosco, até ao fim do mundo” (Mt 28, 20); Cristo se faz presente através da Transubstanciação do pão e do vinho em seu corpo e sangue e nós gozamos desta presença com uma intensidade sem par. Desde o Pentecostes, quando a Igreja, povo da nova aliança, iniciou a sua peregrinação para a pátria celeste este sacramento divino foi ritmando os seus dias, enchendo-os de consoladora esperança.

A Eucaristia é fonte e força criadora de comunhão entre os membros da Igreja precisamente porque une cada um deles com o próprio Cristo: “na fração do pão eucarístico, participando nós realmente no corpo do Senhor, somos elevados à comunhão com Ele e entre nós: ‘Visto que há um só pão, nós, embora muitos, formamos um só corpo, nós todos que participamos dum mesmo pão’” (1Cor 10, 17).

Por isso, a expressão paulina a Igreja é o corpo de Cristo significa que a Eucaristia, na qual o Senhor nos dá o seu corpo e nos transforma num só corpo, é o lugar onde permanentemente a Igreja se exprime na sua forma mais essencial: presente em toda a parte e, no entanto, sendo só uma, como um é Cristo.

Portanto, a Eucaristia é o nosso tesouro mais lindo! É o Sacramento por excelência! Ela nos introduz antecipadamente na vida eterna; ela contém todo o mistério da nossa salvação; ela é a fonte e o ápice da ação e da vida da Igreja


Pe. Jairo Coelho

sábado, 4 de fevereiro de 2012

SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS EUCARISTICO

A fim de mais nos afervorarmos nessa devoção, não será supérfluo salientar o vínculo indissociável entre o Sagrado Coração e o Sacramento da Eucaristia. Neste, Jesus está realmente presente em corpo, sangue, alma e divindade. Portanto, nele se acha vivo e palpitante o seu Coração adorável que convida a si todos os homens. É através da Eucaristia que Ele realiza as suas promessas, fazendo-nos objetos de seu insondável amor, conforme nos ensina o Papa João Paulo II:
“A infinita majestade de Deus se oculta no Coração humano do Filho de Maria. Este Coração é nossa Aliança. Este Coração é a máxima proximidade de Deus junto à história e aos corações humanos. Este Coração é a maravilhosa condescendência de Deus: o Coração humano que pulsa com a vida divina; a vida divina que pulsa no coração humano.
“Na Santíssima Eucaristia descobrimos com o sentido da fé esse mesmo Coração — o Coração de Majestade Infinita — que (nela) continua latejando com o amor humano de Cristo, Deus-Homem.
“Quão profundamente sentiu este amor o Santo Papa Pio X! Quanto desejou que todos os cristãos, desde os anos da infância, se aproximassem da Eucaristia, recebendo a santa comunhão: para que se unissem a este Coração que é, ao mesmo tempo, para cada um dos homens, Casa de Deus e Porta do Céu.
“Casa, uma vez que, através da comunhão eucarística, o Coração de Jesus estende sua morada a cada um dos corações humanos. Porta, porque em cada um destes corações humanos, Ele abre a perspectiva da eterna união com a Santíssima Trindade” (Meditações da Ladainha do Sagrado Coração, junho de 1985).
Devemos, pois, ir ao Santíssimo Sacramento para encontrarmos o Sagrado Coração, aí acessível a todos, infatigável, prodigalizando as maravilhas de sua bondade, de sua terníssima compaixão pela humanidade pecadora..
Sim, procuremos seguir o caminho traçado por Santa Margarida-Maria. Sem nunca nos esquecermos, porém, de que devemos fazê-lo implorando a onipotente mediação de Nossa Senhora. Melhor intercessora não poderíamos invocar, pois Ela é a Mãe do Homem-Deus, Aquela que engendrou e nutriu de seu próprio sangue o Coração de Jesus, A que trouxe encerrado no seu claustro virginal essa fonte de amor infinito, cujas pulsações desde então batem em uníssono com as de seu Coração Imaculado.
Ela é, sobretudo, A que soube corresponder de modo exímio, crescente e ininterrupto às ardentes efusões da caridade de seu Divino Filho, junto a Quem não cessa de pedir por todos e cada um de nós. “Através do Imaculado Coração de Maria permanecemos na aliança com o Coração de Jesus, que é o mais esplêndido e perfeito Tabernáculo do Altíssimo” (João Paulo II, idem).
(Sagrado Coração de Jesus, Tesouro de Bondade e Amor”, Mons João Clá Dias, EP)
postado por Claudio Tadeu Parpinelli