quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Ação de graças após a comunhão


Falar de ação de graças após a Comunhão Eucarística pode parecer pleonasmo, pois toda a celebração eucarística – na sua íntegra – constitui a ação de graças por excelência. Nela se recapitularam e culminam as múltiplas modalidades de ação de graças ininterrupta que deve ser – também na sua íntegra – a vida de cada cristão (cf. eucharistein = dar graças; cf. Cl 3, 17; 1Ts 5, 18).

Mas trata-se aqui, de modo particular, dos instantes privilegiados que se seguem, para o sacerdote e para os fiéis, à comunhão sacramental com o Corpo de Cristo.

A Constituição Dogmática Lumen Gentium, fazendo-se eco da tradição constante da Igreja desde as suas origens (cf. 1Cor 10,17), lembra-nos que, participando realmente do Corpo do Senhor na fração do pão eucarístico, somos elevados à comunhão com Ele e entre nós (n.º 7).

Assim, de um lado, a Comunhão Eucarística realiza a união de cada comungante com o Corpo e o Sangue de Cristo. Trata-se aí de verdadeira união de sua pessoa com a pessoa mesma de Jesus Cristo, corporalmente presente no comungante: presença real que resulta da transubstanciação efetuada pelas palavras consecratórias que o padre pronuncia in persona Christi no momento da consagração (signum et sacramentum).¹

Mas, de outro lado, a Comunhão Eucarística realiza a união de cada comungante com o Cristo total, Cabeça e Corpo, portanto não apenas com o seu Corpo físico, mas também com o Corpo Místico ou, em outras palavras, com a Igreja considerada em sua totalidade e em cada um dos seus membros (cf. res tantum).

Eis por que a Comunhão Eucarística, que se situa no coração mesmo da Liturgia, constitui, de um lado, um ato eminentemente pessoal do cristão batizado, e, de outro lado, visto que as ações litúrgicas não são ações particulares, mas celebrações da Igreja, que é sacramento da unidade (cânon 837), a Comunhão Eucarística, na qual se consuma o santo Sacrifício da Missa, constitui, por excelência e para cada comungante, um ato eclesial.

Nesta perspectiva, é para agradecer a Deus um tão grande benefício que o Missal Romano de Paulo VI (Institutio Generalis Missalis Romani) prevê explicitamente que a recepção da Santa Comunhão seja seguida de um tempo de oração pessoal – e principalmente de um tempo conveniente de silêncio sagrado – com a possibilidade de exprimir por cantos, salmos ou cânticos, a alegria e a gratidão daqueles que, alimentados pela carne e o sangue de Cristo, se tornem a realidade do seu Corpo que é a Igreja. Assim se entende a ação de graças eclesial; é altamente desejável que ela seja prolongada após a celebração mediante
meditação durante um tempo conveniente.¹
Revista: “PERGUNTE E RESPONDEREMOS”

D. Estevão Bettencourt, osb.
Nº 348 – Ano 1991 – Pág. 256

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