Cartas de um ex-prisioneiro no Vietnã revelam força da Eucaristia
Irmã do cardeal Van Thuân no encontro de Québec
ZENIT.org).- Muitos conhecem os escritos sobre a Eucaristia do cardeal Francis Xavier Nguyen Van Thuân (1928-2002), que passou longos anos nas prisões vietnamitas; mas os participantes do Congresso Eucarístico Internacional de Québec contaram com outra perspectiva.
fonte Zenit.org
Elizabeth Nguyen Thi Thu Hong, a irmã mais jovem do falecido cardeal, interveio no evento, que se encerra no domingo, para apresentar textos desconhecidos escritos na prisão.
Ela se dedicou a traduzir para o inglês e francês os escritos de seu irmão, em causa de beatificação, e as cartas que escreveu à sua família durante 13 anos nos presídios do Vietnã. Ele foi preso em 15 de agosto de 1975; nove de seus anos na prisão foram em regime de isolamento.
João Paulo II o nomearia depois presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz.
«Através de seus escritos, e especialmente através de sua correspondência desde a prisão, emerge um fato claro: a vida de Francis Xavier estava firmemente arraigada em uma extraordinária união com Deus vivo através da Eucaristia, sua única força – disse Elizabeth. Também foi para ele a mais bela oração, e o melhor modo de dar graças e cantar a glória de Deus.»
A irmã do cardeal afirmou que «a inquebrantável fé na eucaristia foi sempre a força e a guia de sua vida, a fortaleza e o alimento para seu longo trajeto no cativeiro».
«Sempre acabava suas cartas clandestinas a nossos pais com estas palavras: 'Queridos papai e mamãe, não pesai vossos corações com a tristeza. Vivo cada dia unido à Igreja universal e ao sacrifício de Jesus. Rezai para que tenha o valor e a fortaleza de manter sempre minha fé na Igreja e no Evangelho, e de fazer a vontade de Deus'.»
Elizabeth disse que o testemunho de um irmão «mostrou a todos nós que Cristo ofereceu seu sacrifício com imenso fervor, na hora de sua paixão e crucifixão, quando obedeceu ao Pai; e isso, inclusive até o ponto de sua morte humilhante na cruz para devolver ao Pai uma humanidade redimida e uma criação purificada».
«Na prisão, com o Jesus Eucarístico no meio deles – acrescentou –, prisioneiros cristãos e não-cristãos lentamente receberam a graça de compreender que cada momento presente de suas vidas, nas mais inumanas condições, podia unir-se ao supremo sacrifício de Jesus e elevar-se como ato de solene adoração a Deus Pai.»
«Francis Xavier devia recordar para si mesmo e animar cada um a rezar: 'Senhor, concedei-nos que possamos oferecer o sacrifício Eucarístico com amor, que aceitemos carregar a cruz, e pregados nela proclamemos vossa glória, para servir nossos irmãos e irmã'.
Elizabeth concluiu suas reflexões com pensamentos escritos por seu irmão na festa do Santo Rosário, em 7 de outubro de 1976, na prisão de Phu-Khanh, durante seu confinamento solitário.
«Estou feliz aqui, nesta cela, onde os fungos crescem em meu estrado de dormir, porque vós estais comigo, porque desejais que eu viva aqui convosco. Falei muito em minha vida: agora não falarei mais. É vossa vez de falar-me, Jesus: eu vos escuto», escrevia o futuro cardeal.
«Cada vez que leio isso, posso imaginar meu irmão, sentado em sua cela escura, frente ao vazio completo, mas sorrindo amavelmente como sempre fazia, inclusive durante seus últimos dias, e apertando amorosamente o bolso de sua jaqueta. onde o Senhor do céu habitava.»
«Que este antigo prisioneiro que experimentou a harmonia do céu, o amor e a vida em plenitude na desolação de sua cela, continue guiando-nos para que possamos ser como os discípulos de Emaús, que rogaram 'Senhor, ficai conosco e alimentai-nos com vosso corpo'.»
QUÉBEC, sexta-feira, 20 de junho de 2008 (
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