A liberdade para amar alimenta-se na Eucaristia, reunião festiva da fraternidade. Tem nela também o principal ponto de passagem entre o "lugar" dos homens e o "não-lugar" de Deus.
Não há verdadeira celebração eucarística sem uma verdadeira fraternidade. E a fraternidade não cresce sem a celebração eucarística. A Eucaristia não se esgota na Missa: tem que ser vivida o dia inteiro no relacionamento fraterno.
A Eucaristia é algo sem valor para os "sistemas" do nosso "mundo", que olha tudo a partir da produção e do econômico. Mas, para nós, é ela que forma o Povo, porque começa formando a família.
Para criar o mundo novo, Deus mesmo se fez comida e se pôs à disposição dos pequenos, clamando: Vocês tratem de me comer, de me assimilar, para que o "mundo" dos homens seja mudado na fraternidade dos filhos de Deus.
Os irmãos e irmãs que estão se libertando cada dia para amar, aplicam a Vida que comeram na Eucaristia à salvação do Povo. Transformam o mundo a partir da ceia do ágape, em que todos devem unir-se, sem excluir ninguém da mesa.
São Francisco e o Jesus da Eucaristia
"Homenzinho simples e iletrado", como ele mesmo se chamava, São Francisco deixou escritos que nos impressionam e Deus fala em tudo que existe. Fala até nas plantas, nos animais, em nós mesmos e no que acontece em nossa vida. Mas para Francisco era evidente que, quanto mais a Palavra chegava perto do Jesus Pessoa revelado no Evangelho, mais era Palavra. Por isso, tinha uma veneração especial pela palavra revelada na Bíblia.
Entretanto, Francisco ainda venerava mais as Palavras usadas na liturgia e de maneira muito especial as que fazem os sacramentos. A essas chamava de "santíssimas palavras" do Senhor Jesus Cristo.
Na Eucaristia: devolvemos os dons
Se Jesus Cristo é a manifestação de Deus Trindade feito pobre, que vem ao nosso encontro, é em Jesus Cristo que damos a resposta de amor ao Deus Trindade. E só conseguimos responder ao Pai, em Jesus Cristo, porque mora em nosso coração o Espírito Santo, que é o Amor de Deus. De fato, a Eucaristia quer dizer "ação de graças". Mas em São Francisco essa ação de graças é muito original:
Em primeiro lugar, ela é "obediência", no sentido mais fundamental de "prestar ouvidos" (obaudire). Deus fala uma Palavra de Amor, a gente ouve e responde com outra palavra de Amor. Deus se dá inteiro, nós devemos dar tudo que pudermos de nós mesmos. Para Francisco, Jesus foi o maior exemplo de obediência ao Pai. E, com ele, nós obedecemos respondendo ao Amor.
Em segundo lugar, para Francisco obediência é devolução. Como só Deus é bom, Ele é todo o Bem, todo bem vem dele, nosso amor só pode ser uma devolução do Bem que dele recebemos. O fundamento de sua pobreza é sempre devolver a Deus tudo que não estamos precisando. Só que, na Eucaristia, a gente "devolve" até o que está usando.
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