sábado, 31 de março de 2012

EUCARISTIA E O CENTRO DA VIDA DOS SANTOS

A Eucaristia, estimados irmãos e irmãs, é o centro da vida dos santos, assim como o foi para São Francisco de Assis e Santo Antônio. É a fonte e o centro da vida para todas as atividades do dia a dia de todos nós reunidos hoje nesta Igreja. Ela religa o homem a Cristo e, através da fé, leva os cristãos a contemplá-lo. Assim, viver a Eucaristia é amar ao próximo sem limites de religião, raça, cor, família ou Igreja. A Eucaristia é Deus mesmo se repartindo como pão, na doação de Jesus.

Para Santo Antônio, a Eucaristia é o ponto de partida e de chegada de todas as suas atividades como pregador e como missionário cristão.

Santo Antônio nos fala “que no altar, sob as aparências de pão e de vinho, está presente o próprio Jesus, vivo e glorioso, revestido daquela carne humana com que outrora Ele se ofereceu e ainda hoje continua se oferecendo todos os dias como vítima ao divino Pai”. “Aprende, ó homem, a amar a Jesus. Ele é a sabedoria, Ele é a prudência, Ele é a força, nele está a inteligência de tudo, Ele é a vida, Ele é o sustento, o pão dos anjos, a refeição dos justos, Ele é a luz dos olhos, nele está a nossa paz”.

Por outro lado, Santo Antônio evoca a Eucaristia como refeição a ser partilhada em espírito de pobreza, e como memória da Ceia celebrada por Cristo com os discípulos na véspera da morte. Por isso, estimados irmãos, comemora-se esta Eucaristia, memorial e sacrifício, todos os dias sobre os nossos altares. Assim, dizemos que, durante a ceia, Jesus pegou o pão, deu graças a Deus, partiu-o e entregou-o aos discípulos (Mt 26,26) Ele mesmo o partiu, para dar a entender que a ruína do seu corpo não haveria de acontecer senão por sua espontânea entrega, mas previamente deu graças a Deus, com o Pai e o Espírito Santo, cumulando com o poder da graça divina a natureza que assumira.

A Eucaristia é o centro da vida da Igreja porque torna presente o sacrifício de Cristo na cruz e permite que dele participemos… Mas participar de que forma? Repetindo as palavras de Jesus? Seus gestos e o rito, de forma mecânica e rotineira? Não! Celebrando com a vida, isto é com amor.

Por isso, o amor de Santo Antônio para com a Eucaristia fica bastante evidente no combate que travou contra as heresias de seu tempo. Por exemplo, o “milagre da mula”, ou “milagre da hóstia”, retrata bem isto; ele é assim narrado: Havia um homem de nome Bonillo, que era Cátaro (herege) há mais de 30 anos. Como herege, rejeitava os sacramentos da Igreja, especialmente o sacramento da Eucaristia. Certo dia, Santo Antônio cruzou-lhe o caminho, proclamando clara e insistentemente a fé cristã na Eucaristia, isto é, que por este sacramento a luz de Deus chega às almas dos fiéis, pois assim o afirmara o próprio Cristo: “Eu sou o pão da vida: aquele que vem a mim não terá fome, e aquele que crê em mim jamais terá sede” (Jo 6,35).

Uma das grandes devoções de Santo Antônio foi a Eucaristia. Ali sabia ele estar Cristo presente em verdade, numa presença amorosa, pois por amor aos homens deixara-se ficar entre os homens. Sabia que era um profundo mistério. Mas compreendia que, se Deus pudera fazer-se homem e andar entre os homens, podia também fazer-se pão e ficar entre os homens. Daí o amor com que Santo Antônio comungou e, sobretudo, celebrou a Santa Missa. Quem lê seus sermões percebe a chama de amor e entusiasmo com que fala da Eucaristia, como convida todo mundo a receber este Senhor que tão amorosamente fica à disposição dos homens. Recebê-lo significa retribuir-lhe amor.

Nós, que sentimos tanto a nossa fraqueza humana e a incapacidade de vencermos as mil dificuldades que nos cercam, temos no Senhor Eucarístico uma fonte de graças e de energia sempre à nossa disposição. Amar Santo Antônio só é possível na medida em que nos aproximamos do Cristo eucarístico, assim como ele fez e pregou. Comungar é colocar o Cristo dentro de si com toda a sua força. É levá-lo para a nossa vida de cada dia, como companheiro e energia para a vida.

Que Santo Antônio nos ajude a vivenciamos bem essa trezena.
Santo Antônio, rogai por nós!

Por Frei Wilson Batista Simão, O.F.M.

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