sábado, 14 de janeiro de 2012

O valor sacrifical da Eucaristia

1)       O valor sacrifical da Eucaristia. A Eucaristia torna realmente presente no tempo e no espaço em que é celebrada o único Sacrifício de Cristo no Calvário, pelo qual se operou a salvação do mundo. Pela Eucaristia, o Sacrifício de Cristo atinge os fiéis dos diversos tempos e lugares de forma sacramental. Através dos sinais do pão e do vinho transubstanciados no Corpo e Sangue do Senhor, o Sacrifício perfeito e redentor (outrora oferecido de modo cruento no Calvário) torna-se realmente presente (agora de forma incruenta ou sacramental) e “realiza-se também a obra da nossa redenção” (Lumem Gentium n.3). “Este sacrifício é tão decisivo para a salvação do gênero humano que Jesus Cristo realizou-o e só voltou ao Pai depois de nos ter deixado o meio para dele participarmos como se tivéssemos estado presentes” (n.11) [o grifo meu].
2)       A Eucaristia não é mera lembrança ou recordação do Sacrifício de Jesus. Entretanto, o único Sacrifício de Cristo não é repetido pela celebração da Eucaristia, mas tornado presente, atualizado no tempo e no espaço. O que se repete é a celebração memorial, não o Sacrifício. Cristo quis, de modo misterioso e admirável, associar a sua Igreja ao seu Sacrifício redentor, dando-lhe a possibilidade de, com Ele, oferecê-lo ao Pai, e também a possibilidade de oferecer-se a si mesma a Deus juntamente com o Sacrifício de Cristo.
3)       Tal mistério é grande: Mysterium fidei! Cristo e Igreja estão estreitamente unidos, pois o Sacrifício que nos salva torna-se presente na e pela Igreja. Ao realçar o seu valor sacrifical, o Papa reafirma que a Eucaristia está intimamente associada à Cruz, de modo que a Eucaristia “é sacrifício em sentido próprio, e não apenas em sentido genérico como se se tratasse simplesmente da oferta de Cristo aos fiéis para ser alimento espiritual” (n.13).
4)       Nesse sentido, o Papa lamenta que, às vezes, haja uma compreensão reduzida do mistério eucarístico que o torna “despojado de seu valor sacrifical e vivido como se em nada ultrapassasse o sentido e o valor de um encontro fraterno ao redor da mesa” (n.10). A celebração eucarística (a Santa Missa) é mais do que um mero encontro de irmãos; é o Sacrifício de Cristo tornado sacramentalmente presente, Sacrifício que nos une a Deus (ao Pai por Cristo no Espírito) de modo especialíssimo (pois somos associados a Cristo, que, na força do Espírito Santo, ofereceu-se como Vítima agradável ao Pai) e fundamenta a autêntica fraternidade. Por isso, nada se compara à Santa Missa, pois seu valor é o valor do sacrifício do Calvário, valor único, insubstituível e infinito. O Papa lembra ainda que o Sacrifício eucarístico torna presente não só o mistério da paixão e morte do Senhor, mas também o mistério da ressurreição, pois é por estar vivo e ressuscitado que Cristo pode tornar-se presente.

Fonte – Carta Eciclica Eclessia de Eucaristia – Beato Papa João Paulo II

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